Agronegócio conquista pódio global, enquanto Lula da Silva trabalha contra o setor 4p3j5d
Agro conquista mais um pódio global, enquanto governo faz ruído prejudicial contra o setor 4z52n
1l6d4
Publicado em: 15/02/2023 às 06h50Na safra 2022-23 o Brasil deve tomar dos americanos o posto de principal exportador mundial de milho, além de manter a já consolidada liderança nos embarques de soja. A previsão é do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em seu relatório de fevereiro.
Ambos os países devem exportar 51 milhões de toneladas de milho, com a diferença que o Brasil segue uma curva ascendente, acrescentando quase 20 milhões de toneladas ao montante exportado no ano ado (32,4 milhões), enquanto os EUA vão deixar de embarcar 20 milhões de toneladas, após eventos climáticos extremos de seca e frio.
Evolução das exportações - Brasil x EUA - exportações de milho (ciclo outubro-setembro)
Em milhões de toneladas métricas
Antes, os embarques brasileiros só haviam superado os americanos na safra de 2012/13, devido a uma estiagem no hemisfério norte. “Se a produção de milho nos EUA retornar ao seu nível historicamente normal, é provável que o país reassuma o posto de maior exportador global. No entanto, a contínua e persistente expansão da agricultura brasileira pode significar que os Estados Unidos terão de lutar pela coroa com o Brasil de forma mais frequente nos próximos anos”, diz a análise do USDA.
Essa disputa pela “coroa do milho”, contudo, não ocorre de forma alheia às políticas ditadas em Brasília. E desde que assumiu, o novo governo tem tornado o caminho mais acidentado.
Além de esvaziar atribuições do Ministério da Agricultura, readas para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e para o Meio Ambiente, o Planalto cancelou linhas de financiamento do BNDES e entregou o comando de áreas estratégicas para militantes pouco afeitos à agricultura comercial. Um exemplo é a Conab, que ou a ser gerida pelo ex-deputado estadual gaúcho Edegar Pretto, fortemente ligado ao MST e que já afirmou que o movimento é “referência para a classe trabalhadora do país”.
Apesar das conquistas, agro perde prestígio no novo governo l694z
Não foi o modelo de produção do MST que levou o país a brigar pelo lugar mais alto no pódio de exportações de milho. “São saldos de ações do governo anterior. Nós temos essa ‘herança maldita’ que é a supersafra. Só o milho e a soja devem injetar R$ 70 bilhões a mais na economia do que no ano ado”, aponta o analista de mercados agrícolas Vlamir Brandalizze.
Dentre medidas do governo Bolsonaro que estariam frutificando agora, ele destaca uma política de juros módicos em diversas linhas do BNDES para financiar a compra de tratores, colheitadeiras e plantadeiras mais modernas, além de recursos mais baratos para projetos de irrigação e incremento das subvenções ao seguro rural.
Com Lula da Silva, o agronegócio não tem o mesmo prestígio. Na semana que ou, o BNDES reabriu e, em seguida, fechou a porteira para novos protocolos de pedidos de financiamento para nove linhas de crédito rural. Algumas das linhas estavam suspensas desde outubro de 2022, devido ao esgotamento dos recursos. Com a repercussão negativa do novo bloqueio, o Planalto recuou. Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) afirmou se tratar de mentiras plantadas por “quem aposta em uma versão de que o crescimento econômico é inimigo da responsabilidade social e da sustentabilidade”.
Falando na Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato) em Cuiabá, o ministro da Agricultura Carlos Fávaro alegou que “alguns mal informados ou, talvez, mal-intencionados, dizem que o programa já foi suspenso, e não foi”. “Retomamos os investimentos no setor na ordem de R$ 2,9 bilhões, e o anseio e o desejo eram tão grandes que em uma semana o recurso acabou”, disse.
Essa versão dos fatos foi desmentida, contudo, por reportagem do jornal "Valor Econômico" que mostrou que no dia 2 de fevereiro o BNDES enviou comunicado aos bancos informando a suspensão de linhas como o Pronaf, Pronamo, ABC+, PCA, Proirriga e Procap-Agro Giro. Quatro dias depois, novo aviso, comunicando o encerramento do Inovagro e do Moderfrota.
Os R$ 2,9 bilhões que o governo disponibilizou em janeiro, e que rapidamente se esgotaram, não eram novos recursos, como afirmou o ministro Fávaro, mas saldos remanescentes de operações não concretizadas. A bateção de cabeças, a falta de transparência e a divulgação de informações incongruentes levaram a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) a apresentar um pedido de esclarecimentos na Câmara dos Deputados.
Comportamento "ruidoso" de Lula da Silva aumenta o risco 6o5v5p
O problema não está só nas diretrizes do BNDES. Na prática, segundo o professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Felippe Serigati, o “comportamento ruidoso” do presidente Lula – que inclui duras críticas à política monetária do Banco Central – vai acrescentar obstáculos no caminho dos produtores rurais.
O BC já vinha sinalizando que a inflação estava cedendo, mas pedia paciência para uma flexibilização maior dos juros. “Era para o dinheiro ficar um pouco mais barato, o juro um pouco menor no final do ano, mas a forma até truculenta com que o poder Executivo tem istrado suas preferências com relação à política monetária gera mais incertezas, mais ruídos e acaba pressionando a taxa de juros para cima”, diz Serigati.
Competidores não vão ter quebra de safra para sempre 1x386d
Competir globalmente na agricultura exige inovação e investimentos constantes, seja na renovação ou manutenção dos maquinários, seja no uso de tecnologias de ponta no cultivo e manejo. Até porque, diz o consultor Brandalizze, “não dá para contar que nossos competidores vão quebrar sempre, safra após safra”.
“São volumes altos de recursos. Você não paga uma colheitadeira numa safra, é muito dinheiro envolvido. Isso precisa vir do crédito. O americano tem esse crédito fácil, com juros de 0,8% a 2% ao ano, enquanto o nosso está entre 14% e 20%. O governo anterior de Colsonaro facilitava, oferecia juros intermediários, entre 8% e 12%, para investir. O governo atual cortou tudo, então, é complicado”, completa.
Como exemplo de política de apoio com frutos de curto e médio prazo, ele cita as linhas de financiamento para pivôs de irrigação: “Nos últimos anos, as empresas fabricantes desses pivôs não conseguiam atender a demanda, faltava tudo. A seca atual vai quebrar bastante a safra e a economia gaúchas, mas se você olhar onde tem irrigação o pessoal está com alta produtividade, ao lado de áreas secas que não vão colher nada”.
Outra bandeira do setor é a continuidade das políticas de fortalecimento do seguro rural. No governo de Jair Bolsonaro, as indenizações por apólices privadas saltaram de R$ 2,5 bilhões em 2020 para R$ 9,8 bilhões em 2022, resultado não só do aumento das quebras climáticas, como também da ampliação do guarda-chuva do seguro, em função de mais subvenções do governo.